O MAR - MUSEU DE ARTE
DO RIO interrompeu negociações para trazer à Cidade Maravilhosa a malfadada
exposição “QUEERMUSEU — Cartografias da diferença na arte brasileira”. Em nota
oficial, a instituição, que é um equipamento da prefeitura administrado por uma
organização social (OS), o Instituto Odeon, alega o cancelamento por motivos de
segurança. Em setembro, o Santander Cultural, em Porto Alegre, tirou a
exposição de cartaz depois de pressão de grupos organizados, que a acusavam de
ter obras com conteúdo “obsceno e blasfemo”.
O MAR havia se disposto a
recebê-la, mas novos embates, desta vez relacionados à performance “LA BÊTE”,
no MAM - Museu de Arte Moderna de São Paulo (onde funcionários da casa chegaram
a ser agredidos), fizeram o MAR recuar. A decisão foi tomada em reunião ontem
pelo Conselho Municipal do Museu de Arte do Rio (CONMAR), constituído por
representantes da prefeitura, da Fundação Roberto Marinho e da sociedade civil.
Por sua vez, o prefeito do Rio de Janeiro, MARCELO CRIVELLA, divulgou um vídeo no último domingo, no qual seis pessoas se manifestam
contra o que dizem ser uma “exposição de pedofilia e zoofilia”. No final do
vídeo, CRIVELLA afirma que a população não queria receber a exposição e que ela
não seria realizada no museu: “Só se for no fundo do mar. Porque no Museu de
Arte do Rio, não”.
GAUDÊNCIO FIDÉLIS, curador
de “QUEERMUSEU”, protestou: “É realmente difícil fazer a exposição com a
oposição do prefeito. Ele se coloca como o dono do Rio... É ele quem manda, né?
Se continuar assim, daqui a pouco ele proíbe o carnaval! É assustadora a
rapidez com que essas manifestações de ódio tomaram corpo. Temo muito pela
liberdade artística e de expressão, e até mesmo pela de imprensa, que também
está sendo atacada. Daqui a pouco não restará nada!”...